Este texto apresenta a ação
"Conversas de rua", sua história e metodologia para que sejam
colocados em prática, com base na experiência de 23 diálogos propostos e
coordenados pelo Grupo São Paulo da Aliança e pelo GT Cultura do FSM os
encontros propõem uma nova linguagem e um novo espaço de expressão. 23 Diálogos
de Rua foram organizados durante o V FSM em Porto Alegre- Brasil, em janeiro de
2005, dentro dos 11 espaços Temáticos: 22 Diálogos de Rua (2 em cada espaço
temático) e 1 Diálogo virtual on-line entre o Porto Alegre e Paris, França
(este coordenado por Marina Urquidi).
No mundo contemporâneo a
precariedade na comunicação entre as pessoas e no convívio entre coletividades
dificulta a qualidade de vida e o desenvolvimento humano. Em um mundo virtual a
retomada das relações presenciais torna-se fundamental para aprender a
conviver. A idéia que está por trás das "Conversas de Rua" é
estreitar o contato com a coletividade, formar comunidades de emoção e
desenvolver verdadeiras pedagogias da escuta. Abaixo apresemos a história
destas Conversas de Rua e uma metodologia para sua implementação.
Historia
A história dos diálogos de rua
começa no final da década de 80 em São Paulo, quando a Secretaria Municipal de
Cultura desenvolvia atividades de aulas públicas, envolvendo professores
universitários e personalidades para ministrar conferências em lugares públicos
para cidadãos, principalmente aqueles que sofrem exclusão social.
Esta idéia foi transformada pelo
Fórum Intermunicipal de Cultura- FIC que, em 1996 realizou conversas públicas
em praças sobre vários temas: racismo, direitos humanos, drogas, alimentação,
etc. Pessoas se emocionavam e se expressavam dando depoimentos, chorando,
cantando.Houve até o envolvimento de moradores de rua, alcoólatras, idosos etc.
O objetivo era que o
acontecimento cultural se realizasse também fora dos espaços consagrados.
Em 2000 o Grupo São Paulo da
Aliança por um Mundo Responsável, Plural e Solidário realizou essa atividade,
que passou a ser chamada de "Conversas de Rua", em frente ao Teatro
Municipal. Milhares de pessoas participaram de uma conversa sobre a Renovação
na Política.
Ao longo de 2001 a Aliança
realizou em uma praça da Vila Madalena, São Paulo dez conversas de rua, e a
partir desse momento, essa atividade passou a acontecer pelo menos uma vez por
mês, reunindo em média 20 pessoas, em praças e locais públicos.
Em outubro de 2001 foram
realizadas Conversas de Rua em frente a Câmara Municipal e no Minhocão. Em 2002
essa atividade foi promovida na estação Brésser, no Brás, junto com o Projeto
Arte Cidade, nos Arcos da Lapa, Rio de Janeiro e ainda na Praça da Paz Mundial,
ao lado do antigo DOPS junto com grupos de psicodrama. Nesse mesmo ano em
parceria com o SENAC e Rede Não-Violência, Justiça e Cidadania para
apresentação das Conversas de Rua no Páteo do Colégio. O Sesc São Paulo junto
com o movimento mundial Tambores da Paz também impulsionado pela Aliança,
realizou essa atividade em todas as unidades do Sesc SP numa ação denominada
Praças da Paz. No ano de 2002 o movimento Psicodrama da Cidade realizou
conversas de rua e psicodramas nas praças e logradouros públicos em 180 pontos
da cidade, com o objetivo de conhecer as várias demandas sociais da população
de São Paulo. No ano de 2003, em Porto Alegre durante o III Fórum Social
Mundial foi realizada esta atividade com a participação de pessoas dos vários
continentes. As conversas de rua passaram a fazer parte das ações culturais do
Fórum, acontecendo simultaneamente em sete bairros da cidade sobre o tema Paz,
Democracia e Diversidade.
Em 2005 as conversas de rua, com
o nome "Diálogos de Rua", integrarão a nova metodologia do V Fórum,
mais dialógica e intercultural. Os diálogos de rua acontecerão nos onze espaços
temáticos animados por integrantes da Aliança por um Mundo Responsável, Plural
e Solidário.
A Carta de Responsabilidades
Humanas foi difundida durante os conversas de rua que aconteceram no onze
espaços temático, facilitou por colaboradores da Aliança para um Mundo
Responsável, Plural e Solidario.
As entidades e redes que têm
participado da concepção e implementação das conversas de rua no Brasil são:
Instituto Pólis- Formação, Assessoria e Pesquisa em Políticas Sociais,
Instituto de Políticas Relacionais, Instituto Ágora em Defesa do Eleitor da
Democracia , Fórum Intermunicipal de Cultura - FIC, Rede Mundial de Artistas em
Aliança, Movimento Mundial Tambores da Paz, Cives - Associação Brasileira de
Empresários pela Cidadania, ONG Shalom Salam Paz, IPAZ-International Peace
Agency, COMPAZ, PACs- Políticas Alternativas para o Cone Sul, GT Cultura FSM,
Alagoas Presente, Barracões Culturais da Cidadania, Crescente Fértil, Instituto
Ecoar, Rede Mulher de Educação - entidades e movimentos que fazem parte da
dinâmica da Aliança por um Mundo Responsável, Plural e Solidário no Brasil.
Objetivos dos Conversas de rua
Resgatar e incentivar o diálogo
cultural, humano e democrático com a população, visando o exercício da
cidadania, promovendo falas em espaços públicos .
Conhecer e interagir com a
realidade do cotidiano da população proporcionando a cultura do diálogo democrático
Estimular o processo
intercultural promovendo o diálogo entre diferentes
Difundir valores humanos de paz,
diversidade, solidariedade, responsabilidade
Estimular a criação de políticas
públicas
Despertar o viver criativo e o
reencantamento do mundo através da arte
Metologia geral
1- Ouvir a população nas praças,
ruas, de preferência pontos de grande aglomeração onde circulam pessoas
provenientes de segmentos mais carentes
2- Procurar entender e revelar o
saber das pessoas comuns
3- Estimular o diálogo através de
manifestações artístico-culturais,mostrando a importância da arte na formação
de comunidades de emoção.Essas manifestações podem ser variadas: música,teatro
de rua, mamulengo, dança, cordel, poesia, contação de histórias etc
Método de implementação
Cada conversa de rua necessita de
um processo de mobilização no bairro ou comunidade onde ela irá se desenvolver,
que pressupõe a formação de parcerias e a organização das lideranças e
entidades de cada região, antes de cada evento.
Paralelamente deverá ocorrer a
divulgação através de panfletos, faixas e meios de comunicação, antes e depois
de cada evento.
Essa atividade também exige a
presença de um animador ou dupla de animadores e animadoras, de preferência em
equilíbrio de gênero, que fazem a mediação do discurso, provocam os temas,
sintetizam o pensamento dos participantes fazendo perguntas sobre os temas
variados: paz, políticas públicas, direitos humanos, alimentação, saúde,
violência, arte, política, etc.
Para isso antes de cada conversa
de rua deve haver uma capacitação de no mínimo 2 dias, com a participação dos
animadores e animadoras, coordenadores (as) e 2 pessoas que se responsabilizem
pela contratação da parte artística-cultural, mobilização e divulgação.
As conversas deverão ser
documentadas com fotos, vídeo e também com a produção de uma publicação onde
será relatada toda a experiência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário