domingo, 28 de janeiro de 2018

Calendário Linha 2018


Primeiro semestre
  • Fevereiro - São Paulo - 31/01 a 02/02;
  • Março - Rio de Janeiro - 07 a 09/03;
  • Abril - São Paulo - 04 a 06/04;
  • Maio - Rio de Janeiro - 02 a 04/05;
  • Junho - Belo Horizonte - 13 a 15/06;



Segundo semestre
  • Julho - sem encontro;
  • Agosto - Rio de Janeiro - 08 a 10/08;
  • Setembro - São Paulo - 12 a 14/09;
  • Outubro - Rio de Janeiro - 17 a 19/10;
  • Novembro - São Paulo - 07 a 09/11;
  • Dezembro - Rio de Janeiro - 05 a 07/12.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Encontro de agosto 2017 - Encontro em Belo Horizonte



Olá!

O encontro da Linha de Micropolítica ocorrerá de 2 a 4 de agosto, em BH, no Campus Saúde (na quarta ocorrerá na Faculdade de Medicina, e na quinta e sexta, na Faculdade de Enfermagem).

Dia 02/08 - de 10 às 17 h - ocorrerão discussões pautadas no livro "Genealogia da Moral" de Nietzsche (com link aqui) - Auditório do CETES - sexto andar da Faculdade de Medicina.

Dia 03/08 - de 9 às 17 h - ocorrerá uma discussão sobre as duas primeiras aulas de Segurança, Território e População, de Foucault (com link aqui), que servirá de disparador para discussões sobre a pesquisa da Rede de Observatórios de Políticas, Educação e Cuidado em Saúde - Auditório Sinno Escola de Enfermagem.

Dia 04/08 - de 9 às 16 h - Ocorrerá uma roda de conversa da rede de Observatórios, o Ateliê Intervalo de Redução de Danos, e convidados, sobre as Mães Órfãs - Auditório Maria Sinno Escola de Enfermagem.

Endereço do Campus Saúde, onde estão localizadas as Faculdades de Medicina e Enfermagem:
Avenida Alfredo Balena, 190 - Funcionários - Belo Horizonte.

Esperamos vocês lá!


quinta-feira, 8 de junho de 2017

LANÇADOS EM EBOOK NOSSOS DOIS LIVROS SOBRE "POLITICA E CUIDADO EM SAÚDE"




Título: POLÍTICAS E CUIDADOS EM SAÚDE - Avaliação Compartilhada do Cuidado em Saúde: Surpreendendo o Instituído nas Redes"

O livro “Avaliação compartilhada do cuidado em saúde” está editado em dois volumes a partir do estudo de várias situações da produção do cuidado em saúde, tomando como eixo as formas de organizar essas práticas no Sistema Único de Saúde. Nasceram da escrita de centenas de pessoas, que compuseram o corpo de pesquisadores pelas várias regiões do Brasil, que compartilharam da aposta de produção de conhecimento com a ideia que, para avaliar a produção do cuidado em saúde, era necessário viabilizar a participação de todos os sujeitos trabalhadores e cidadãos, que compunham os cenários de produção das práticas de saúde. 
Estes livros estão disponíveis em formato para e-book e pdf no site da Biblioteca Digital da Rede Unida. Disponibilizamos abaixo os links. Boa leitura!



domingo, 4 de junho de 2017

CRONOGRAMA: ENCONTROS DO COLETIVO EM 2017 - segundo semestre



Julho - 05, 06, 07 - São Paulo;
 

 Agosto - 02, 03, 04 Belo Horizonte;


Setembro - 13, 14, 15 - Rio de Janeiro;



Outubro - 18, 19, 20 - Campo Grande;


Novembro - 08, 09, 10, 11 - Rio de Janeiro;
Obs.: Neste encontro ocorrerá uma reunião conjunta Linha - Rede Unida - Laboratório Ítalo-Brasileiro, sendo que a quarta e quinta serão reuniões da Linha e sexta e sábado, este último de manhã, serão de um encontro conjunto.


Dezembro - Data em avaliação - Rio de Janeiro.


sexta-feira, 10 de março de 2017

Leitura de março e abril de 17 - "Nietzsche", de Deleuze



Olá pessoal!

Segue o link para a leitura das quartas de março e abril de 2017, que ocorrerão no IPUB - UFRJ.

Encontros Linha:
  •  Março - 15, 16, 17 - Rio de Janeiro;
     
  •  Abril - 05, 06 e 07 - Rio de Janeiro.

Link - "Nietzsche", de Deleuze.

Nietzsche - por Edvard Munch

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

CRONOGRAMA: ENCONTROS DO COLETIVO EM 2017


OBS.: Os encontros de Junho e Agosto tiveram destinos alterados. As datas e locais posteriores a Agosto estão em confirmação e serão reincluídos assim que determinados.

Fevereiro - 8, 9 e 10 - São Paulo;


Março - 15, 16, 17 - Rio de Janeiro;


Abril - 05, 06 e 07 - Rio de Janeiro;


Maio - 10, 11, 12 - Rio de Janeiro;


Junho - 07, 08, 09 - Rio de Janeiro;



Julho - 05, 06, 07 - São Paulo;



Agosto - 02, 03, 04 - Belo Horizonte;


Obs.: os encontros que se darão fora do Rio de Janeiro e São Paulo serão avaliados, de acordo com os preços das passagens, com um mês de antecedência pelo coletivo. Possíveis mudanças serão publicadas no blog.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

PROGRAMAÇÃO DO ENCONTRO DE 09 A 11/11/2016 - Rio de Janeiro




Quarta -
Local - Icema de Oliveira (IPUB - UFRJ)

Foto Maturana e Varela



Ilustração Maturana e Varela

A partir das 10h - Discussão leituras
Quinta
Discussão sobre pesquisas - RAC

Local: Leme Lopes (IPUB - UFRJ)

Sexta
Tarde: Oficina para pensar processo formativo: LSD, Brincar, Circo​.
 Local - Icema de Oliveira (IPUB - UFRJ)


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

DO TEXTO À TELA – NUNCA ENCONTRAREI UMA RESPOSTA QUE ME SATISFAÇA - Dissertação Regina C. Cruz



Compartilhar o debate na Linha de pesquisa Micropolítica do Trabalho e o Cuidado em Saúde, desde a nona edição do Congresso Nacional da Rede Unida em Porto Alegre (2010), produz em mim a aproximação com um Coletivo de afetos e afetações que criam escritas, teses e dissertações na aposta de que ‘toda vida vale a pena’. Pensar o cotidiano na perspectiva da troca e do “trabalho vivo em ato” (Merhy), em todos os campos do trabalho, abre a possibilidade de conhecer a micropolítica também pelos lugares da literatura e outras artes. Nesse caminhar encontramos um desses artistas que pela sua trajetória e repertório será lembrado.


Valêncio Xavier (1933-2008) viveu fazendo arte como escritor, cineasta, desenhista, diretor de cinema e TV, coreógrafo, produtor, fotógrafo, gestor de políticas públicas na cultura e especialmente no cinema.... Multiplicidades, desterritorialização, alteridade, composição de palavra e imagem, conexões... Escreveu um conto que chamou de novela - O mistério da Prostituta Japonesa (1998) que virou filme - O Mistério da Japonesa (2005) pelos cineastas Pedro Merege e Beto Carminatti. Essa transposição virou a dissertação que escrevi: DO TEXTO À TELA – NUNCA ENCONTRAREI UMA RESPOSTA QUE ME SATISFAÇA (2014). Faço aqui a oferta para a leitura.

Regina C. Cruz


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

“La enfermedad es un fenómeno social, no es un fenómeno biológico” entrevista de Emerson Merhy ao jornal argentino Página/12








Segue entrevista realizada com o Prof. Emerson E. Merhy ao jornal Página/12, no qual trás muito de sua produção e da própria constituição da Saúde Coletiva e do Sistema Único de Saúde Brasileiro.

O jornal Página/12 é um jornal argentino, conhecido por trazer diversas pautas progressistas em seu país.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

PROGRAMAÇÃO DO ENCONTRO DE 03 A 05/08/2017 - SÃO PAULO

Faculdade de Saúde Pública - USP
Av. Dr. Arnaldo, 715 - São Paulo - SP - Brasil 

1. Quarta-feira - 03/08/2016

  • Manhã - Discussão do Texto: Poder Psiquiátrico - aula de 19 de dezembro de 1973  
  • Tarde - Assistir vídeo no grande grupo.
  • Discussão de grupo - grupo misturado no máximo 4 pessoas por grupo (Sem nenhuma pergunta ou comando, discutir a partir do agenciamento produzido pelo vídeo)

                             
Multidão
Aquarela by kathleen Tereza da Cruz

2. Quinta-feira - 04/08/2016
  • Manhã: Atividade em grande grupo coordenada por Ângela Capozzolo. Depois desta atividade nos mesmos subgrupos da tarde de quarta- feira ler o texto e discutir: A NOÇÃO DE RECOGNIÇÃO. UMA PEQUENA RECOLHA (texto que vamos ler em grupo)
O que o surpreendeu nesta pesquisa? Quais suas inquietações? O que achou/encontrou e/ou aprendeu nesta pesquisa? O que tem dúvidas?O que não sabe muito bem e gostaria de conversar mais?


  • Tarde: Cada grupo escolhe uma maneira de apresentar (na linguagem que escolher) e compartilhar para o grande grupo o que foi produzido nesses dois períodos (quarta a tarde e quinta de manhã). 
  • Discutir experimentação deste encontro como dispositivo para debater o Encontro da RAC em BH.
3. Sexta-feira - 05/08/2016


  • Manhã: conversa sobre o DBA (De Braços Abertos - Prefeitura de São Paulo) com Lumena e Equipe 

  • Tarde: aberta para combinarmos questões sobre a RAC

PROGRAMAÇÃO DO ENCONTRO DE 03 A 05/08/2017 - SÃO PAULO

Faculdade de Saúde Pública - USP
Av. Dr. Arnaldo, 715 - São Paulo - SP - Brasil 

1. Quarta-feira - 03/08/2016

  • Manhã - Discussão do Texto: Poder Psiquiátrico - aula de 19 de dezembro de 1973  
  • Tarde - Assistir vídeo no grande grupo.
  • Discussão de grupo - grupo misturado no máximo 4 pessoas por grupo (Sem nenhuma pergunta ou comando, discutir a partir do agenciamento produzido pelo vídeo)

                             
Multidão
Aquarela by kathleen Tereza da Cruz

2. Quinta-feira - 04/08/2016
  • Manhã: Atividade em grande grupo coordenada por Ângela Capozzolo. Depois desta atividade nos mesmos subgrupos da tarde de quarta- feira ler o texto e discutir: A NOÇÃO DE RECOGNIÇÃO. UMA PEQUENA RECOLHA (texto que vamos ler em grupo)
O que o surpreendeu nesta pesquisa? Quais suas inquietações? O que achou/encontrou e/ou aprendeu nesta pesquisa? O que tem dúvidas?O que não sabe muito bem e gostaria de conversar mais?


  • Tarde: Cada grupo escolhe uma maneira de apresentar (na linguagem que escolher) e compartilhar para o grande grupo o que foi produzido nesses dois períodos (quarta a tarde e quinta de manhã). 
  • Discutir experimentação deste encontro como dispositivo para debater o Encontro da RAC em BH.
3. Sexta-feira - 05/08/2016


  • Manhã: conversa sobre o DBA (De Braços Abertos - Prefeitura de São Paulo) com Lumena e Equipe 

  • Tarde: aberta para combinarmos questões sobre a RAC

sábado, 9 de julho de 2016

Encontro da Linha em Julho de 2016

Quarta-feira

- Manhã Maternidade Escola
Defesa de Tese de Juliana Garcia Gonçalves
Título - A LEI NO. 12.732, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2012 E SEU EFEITO NO CUIDADO
AOS PACIENTES ONCOLÓGICOS
Maternidade escola UFRJ 
Fonte: site institucional


- Tarde - Icema de Oliveira
Encontro da Rede de Avaliação Compartilhada

Quinta-feira - Encontro da Rede de Avaliação Compartilhada - Leme Lopes (dia todo)

Sexta - Manhã IPPMG
Defesa de Tese de Maria Amélia Costa 
Título - Da costura ao filé: a produção de singularizações no cotidiano dos trabalhadores em saúde


https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7a/Cidade_Universit%C3%A1ria_UFRJ.jpg 
Imagem Ilha do Fundão UFRJ, onde ocorrerá defesa na sexta. 
Fonte: Wikipedia

quarta-feira, 30 de março de 2016

Imperdível!

Agires militantes, produção de territórios e modos de governar. Conversações sobre o governo de si e dos outros




Resumo da obra: O presente estudo analisa os agires militantes de gestores em saúde e os territórios vivenciais forjados para si e para outro a partir de suas práticas, isto é, seus modos de governar. É realizado através desenvolvimento de uma cartografia que percorre duas experiências governamentais vivenciadas pela autora como gestora em duas secretarias de saúde, uma municipal (2004-2006) e outra estadual (2007-2010). É um texto autobiográfico, no sentido de analisar a vivência implicada da autora nesses governos, tomando-as não como uma individualidade, mas como a singularidade do modo como atravessam o seu corpo, as forças de um determinado contexto histórico. Forjam-se os conceitos-ferramenta “avaria” (analisador), “bússola visceral” e “Caixa de Ferramentas para Sentintes” (meus guias) que possibilitam percorre as vivências e os desconfortos do exercício do poder formal de governar nessas experiências, o que permite dar visibilidade e dizibilidade para ao lugar negativo que se produzia para o outro e às repercussões negativas desse tipo de política na fabricação dos coletivos gestores em organizações de saúde. Como efeito ocorre uma torção do olhar e da existência da autora, avariando-se a perspectiva instrumental que no encontro agenciava seu agir militante, construindo linhas de fuga dos territórios instituídos da gestão em busca da fabricação de outros mundos para as organizações em saúde que sejam agenciadas pela perspectiva que toma o outro como alteridade para si e não como coisa a ser manipulada.






domingo, 14 de fevereiro de 2016

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Emerson Merhy em três nascimentos. Entrevista por: Demétrio Rocha Pereira e Dayane Caetano

Entrevista por: Demétrio Rocha Pereira e Dayane Caetano

Segundo piso de um barco que ronrona pelo rio Negro, rumo Manaus. Dois gravadores sobre uma mesa improvisada. De costas para um varal de redes que se esgrimam ao vento, Emerson Elias Merhy desfia uma narrativa de si. “Nasci em 1948, renasci em 1968 e vou nascer de novo nos anos 1990.”
Segunda vez foi aos 19 anos, quando ele entrou na Universidade de São Paulo (USP) sob inspirações familiares de virar médico e, como médico, compor uma elite profissional atinente à sua formação escolar. Mas em 68 fervia a luta contra a ditadura e os acordos MEC-USAID, que vinham sujeitar a educação brasileira a padrões estadunidenses. Um arquétipo de doutor bem-sucedido vai sendo abortado em favor de um parto carimbado pela militância.
Já no primeiro ano de Medicina, Merhy se torna membro do Centro Acadêmico e participa dos movimentos grevistas na USP. Nesse trânsito pela faculdade, ele conhece a professora Maria Cecília Ferro Donnangelo, uma das cientistas sociais mais influentes para a saúde coletiva no país. Em parceria com Cecilia, a turma de Merhy, que um ano antes sofrera trotes “violentíssimos”, organiza uma ida até o Vale do Ribeira, onde 110 calouros realizam uma pesquisa sobre a nutrição das crianças da região rural mais pobre do estado.
“Ali eu aprendo que aquilo que eu imaginava que era uma doença, um corpo que não funcionava direito, na realidade era um fenômeno social.” Ali nasce “um homem de esquerda - não de um partido de esquerda, mas aquele que põe a sua vida na ideia de que todas as vidas valem a pena e na defesa da diferença, mas não da desigualdade.”
Um homem de esquerda se definia também pelo engajamento em grupos clandestinos. Merhy se une à Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella, mas desconfia da luta armada como ferramenta política ao se fazer professor, em aulas de Biologia na periferia de São Paulo, e participante das lutas de operários e das mulheres contra a carestia. O curso de Medicina vai a segundo plano.
“Eu detestava a escola médica. Fui inventando uma escola médica para mim. Fazia o básico para passar nas matérias que eu não gostava. Não tinha dificuldades em passar. Faltava o máximo que podia naquelas aulas chatas e só saboreava o que eu gostava.”
No final do curso, Merhy chega a saborear a psiquiatria, mas se descobre incompatível com a especialização dentro do manicômio, optando em seguida pela residência em Medicina Preventiva e Social e uma especialização em saúde pública. Um concurso lhe devolve, agora como médico sanitarista, para a periferia paulistana, e a reforma sanitária passa a ser rascunhada ao lado de colegas como David Capistrano, Eduardo Jorge e José Rubens, com quem Merhy funda a revista Saúde em Debate e o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES). Em seis meses, a Saúde em Debate conquista 5 mil apoiadores. “Nós não sabíamos que existia isso no Brasil. A revista funcionou como dispositivo de potencialização. Isso vai ser um elemento vital, vai desenhando minha vida todinha nesse processo.”
No mestrado, a orientação de Cecília, que morre em um acidente em janeiro de 1983, não alcança a defesa da dissertação. “Vou defender em novembro, numa situação muito difícil para todos nós, alunos e amigos dela”. A orientação de Cecília se estende, no entanto, por toda esta segunda vida de Merhy, que se muda para Campinas, convidado a reformular o curso de Medicina da PUC ao lado de interventores progressistas, alinhados à Teologia da Libertação: o internato passa a ser na rede municipal, e a prática clínica será aprendida nos postos de saúde, cujas equipes serão formadas por moradores do bairro. “Os alunos iam do primeiro ao quinto ano sempre trabalhando nas redes de serviço. Clínica do Cuidado dentro dos postos, dentro das casas, equipe multiprofissional no levantamento epidemiológico dos grupos vulneráveis… Íamos inventando, inspirados pela experiência da rede básica. Íamos inventando um SUS.”

O barco se agita no andar de baixo. Manaus é próxima e já se avista, e nossos companheiros de viagem negociam uma última praia, para uns últimos mergulhos antes de nos despedirmos do Negro. É por essas alturas do rio que Merhy assume a direção da rede pública da região de Campinas. Com Luiz Carlos de Oliveira Cecílio e Gastão Wagner, ele funda um coletivo na Unicamp que amplia a reforma das práticas de cuidado e a militância junto aos movimentos populares e sindical. Fundado o Partido dos Trabalhadores (PT), surge a possibilidade de experimentações em busca da democratização e do controle social dos serviços ao longo dos anos 1980.
Um mutirão nacional em defesa da saúde pública garante avanços no chegar da Constituinte, mas Merhy se frustra com a “resiliência conservadora” das universidades e, na década de seu terceiro nascimento, ele se envolverá diretamente com as experiências de governos populares em cidades como Porto Alegre, Campinas, São Paulo, Belo Horizonte, Ipatinga e Santos.
Estamos por atracar numa margem deserta enquanto Merhy narra a sua terceira vida, mergulhado no cotidiano dos trabalhadores de saúde: “Cumpro o mínimo exigido na universidade, e todo o tempo que me sobra eu vou para essas experiências, onde sou presenteado pelos trabalhadores, que eram criativos, fabricavam coisas sem pedir licença para ninguém. Serei tão afetado por eles que vou escrever muito sobre a ideia de que o trabalho cotidiano é uma micropolítica, e que os trabalhadores são patrimônio de trabalho vivo, em ato. Inventores sistemáticos do cotidiano. Vou fazer uma inversão completa da minha concepção do trabalho em saúde, que deixa de ser definida pela lógica do capital e passa a ser um lugar de micropolítica, de disputa cotidiana, de éticas, de potências.”

A ideia do cuidado como acontecimento reata Merhy ao problema da formação. Ele participa da Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico (Cinaem), que, apesar de “não ir pra frente”, engatilha a criação de núcleos acadêmicos de micropolítica do trabalho e cuidado em saúde e aproxima Merhy da Rede Unida.
Nesta terceira vida, de homem-rede, expressão de nascimentos vários, Merhy ata nós que pedem conexão. Ele se verte ouvido - e escuta: diferentes saberes, caixas de ferramentas, regimes de verdade, sinais que vêm da rua. Vidas que valem a pena. “E eu me sinto muito bem porque toda a produção teórica que a gente tem feito, e toda a nossa prática na vida militante, persegue a ideia de que cada um é uma multidão em rede.” Barco parado, som de gente na água, últimos mergulhos em dois gravadores: “Eu sou uma multidão em rede. Cada um de vocês é uma multidão em rede. E nós estamos sempre em produção.”

Emerson Merhy em três nascimentos

FONTE:
http://www.redegovernocolaborativo.org.br/noticias/emerson-merhy-em-tres-nascimentos